Nem sempre é fácil encontrar luz no coração. Há dias em que o amor se esconde, a bondade se cala, a paciência se perde… e a fé parece distante. Mas talvez a luz nunca se vá, apenas adormeça.
E talvez, se prestarmos mais atenção aos nossos gestos, às palavras que dizemos, aos pensamentos que alimentamos, possamos permanecer mais tempo na clareza do que na sombra.
Cuidar da nossa higiene energética é um ato de amor. Um pequeno gesto diário que limpa, renova e realinha. Porque quando cuidamos da nossa energia, a alma respira e o coração volta, naturalmente, a brilhar.
Porque é essa presença interior que suaviza o ego, cura as feridas e devolve luz até aos dias mais sombrios.
Há fases menos luminosas na nossa caminhada pela Terra.
Momentos em que tudo parece mais denso, profundo e sombrio. Eu própria vivo esses períodos em que questiono quem sou, o que faço, o que desejo, o que realmente quero da vida.
Nem sempre consigo ser aquela pessoa amorosa e compreensiva com tudo e todos. Sobretudo dentro das minhas quatro paredes esse espaço onde tudo ganha uma intensidade maior, onde as emoções se tornam mais cruas e os desafios mais visíveis. Espero não ser a única a sentir isto (digam que não, por favor, para eu não achar que sou demasiado difícil como pessoa! ahah).
Sou professora de profissão e, muitas vezes, orientadora de quem me procura para essa finalidade. Dou consultas de orientação pessoal e noto como, de fora, as pessoas parecem ouvir-nos melhor. É como se houvesse mais abertura de espírito e de coração para receber as nossas palavras, a nossa sabedoria interna.
Mas dentro de casa… parece o contrário.
Ali surgem as lutas de posição, os egos, as feridas, as dores. É como se existisse um enorme buraco entre nós e o outro um vazio que nos faz gritar, não apenas para sermos ouvidos, mas para sermos sentidos.
E o que é que nos faz viver esta dualidade tão forte e dura? O nosso ego.
Confesso que detesto esta constatação, sobretudo quando sinto que o outro foi injusto, frio ou até errado comigo. É difícil aceitá-lo nesses momentos.
Mas a verdade é que, ainda que o outro possa realmente não ter agido bem, a forma como escolhemos reagir pode transformar completamente a experiência pode mudar a energia do desafio.
Não se trata de aceitar tudo passivamente, mas de procurar reagir da forma mais harmoniosa e pacífica possível. No fim, isso será sempre um presente para nós próprios.
Há dias li uma mensagem ao meu sobrinho Tomás, de apenas seis aninhos. A mensagem dizia algo como:
“Quem tem Jesus no coração é bondoso, é amigo…”
Mais tarde, ele contou à minha irmã um episódio da escola: a professora tinha sido menos amorosa com um colega, e o Tomás disse simplesmente:
“Aquela professora não tem o Jesus no coração.”
E é sobre isso que quero falar. Sobre conseguirmos ter o “Jesus” no coração, nas nossas palavras, nos pensamentos, nas ações e nos gestos. Porque é essa presença interior que suaviza o ego, cura as feridas e devolve luz até aos dias mais sombrios.
Com amor Natacha Monteiro.


